Quais máscaras emocionais você usa?

 


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Em período de carnaval, falar de máscara nos remete aos adereços usados para representar personagens, geralmente complementando uma fantasia que escolhemos para representar durante os dias de folia. Mas não é só nas ocasiões festivas típicas que usamos máscaras. Na verdade, a vida em sociedade existe como se fosse um grande teatro onde representamos papeis o tempo todo, e compartilhamos histórias com vários outros personagens.

 A máscara é um disfarce. Serve para esconder quem de fato somos e nos ajuda a mostrar uma face que consideramos ser mais adequada às diversas situações que compõem nossa realidade. Adotados desde os primeiros anos do nosso desenvolvimento psíquico, quando aprendemos a esconder aquilo que não nos aprova diante de quem nos importa, os disfarces aos poucos vão se tornando nosso jeito de ser, a forma como nos apresentamos na vida em sociedade.

Muitas vezes, é nas festas à fantasia, onde se inclui o carnaval, que as pessoas experimentam a liberdade de mostrar um pouco do que de fato é sua essência. Aproveitando o clima de permissividade que caracteriza esse momento, escolhem fantasias que no fundo representam um lado oculto que elas sabem existir e com o qual lutam para que não se exponha.

A questão é: quantas habilidades, quanto potencial, quanta criatividade enterramos para nos sentirmos mais seguros nos papeis que um dia nos foi conveniente aceitar? Quantas vezes assumimos um sorriso sem graça no rosto quando a vontade era de esbravejar, dar as costas e sair de perto para não ter nem mesmo que responder comentários que sentimos que são desnecessários ou equivocados? Quantas vezes dizemos “Sim”, quando o que queremos dizer é “Não”?  E enquanto vamos negando nossa verdade, vamos nos afastando de quem de fato somos e pensamos, e cultivando doenças emocionais.

 Não precisamos temer o que somos

Vivemos num mundo onde a tristeza ganha outros nomes e enriquece a indústria farmacêutica que cada dia mais disponibiliza promessas de humores melhores, noites de sono bem dormidas e um estado de paz interior que só dura enquanto a dose medicamentosa faz efeito. O que se oferece é a anestesia da emoção que se rejeita, pois ao dar a ela a atenção que merece e exige, por meio dos sintomas que produz, fatalmente outras emoções escondidas se manifestarão, reivindicando também seu lugar na consciência. Lidar com essa dimensão da existência humana dói, incomoda, como o que acontece ao termos que cuidar de um ferimento no corpo que já está em processo inflamatório. No entanto, negligenciar esse chamado interno não trará a cura milagrosa, e nem mesmo apagará as marcas que são sua origem.

É preciso aprender a não ter medo do que se é, daquilo que se traz dentro de si. Não precisamos esperar o ano todo pelo carnaval para vestir uma fantasia que nos permita brincar de ser aquilo que queremos assumir como um papel definitivo. Sufocados pelos valores culturais e por uma ordem externa que dita nossos comportamentos, nossos gostos e nossa forma de ser no mundo, vamos, pouco a pouco, assumindo uma forma padrão de agir e de pensar, anulando nossa essência e vivendo uma vida que não faz sentido para nós.

É fácil romper com essa ordem imposta? Naturalmente, não, pois ela impera sobre tudo e sobre todos. Mas o aprisionamento é ilusório e quando decidimos quebrar as correntes, somos uma força sem medida. Só precisamos dar o primeiro passo e os demais serão uma consequência.

 

 @elienelima.psi

 

 

 

 

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