ENEM - provas para os filhos, oportunidades para os pais.

 


Quando pensamos no ENEM e na preparação que ele exige, costumamos focar apenas na parte cognitiva. Entretanto, muitas vezes o que prejudica o desempenho dos candidatos é o outro lado do cérebro – o lado emocional.

Encarar o ENEM significa muito mais que fazer pontos suficientes para entrar para a faculdade. Significa também: mudar de fase na vida; perder o contato diário com colegas com quem se conviveu por anos; assumir responsabilidades para as quais o jovem não sabe se está pronto (geralmente não está); escolher uma profissão e, consequentemente, uma estrada a seguir.

Portanto, é comum que um jovem que irá prestar o ENEM esteja passando por crises de ansiedade gerando comportamentos de nervosismo, choro, agressividade. E, para a família, é um momento de teste de paciência, pois várias emoções podem aflorar de todos os lados – tanto do filho candidato ao ENEM quanto dos próprios pais que podem ser levados a  reviver suas próprias angústias – passadas e atuais.

Revivendo o passado

Para aqueles que tiveram a oportunidade de cursar uma faculdade na juventude, acompanhar um filho prestando o ENEM pode ser um convite a reencontrar suas próprias emoções vividas quando se fez uma prova equivalente – o vestibular.

Relembrando essa minha fase, reencontro os medos que senti e dois deles eram particularmente fortes: o medo de não passar e ficar indefinidamente vestibulando e o medo de escolher um curso e descobrir que não era o que eu queria, depois de tanto sacrifício para ser aprovada.  Você também sentiu esses medos?

Pois bem! Cada pessoa reage de uma forma muito específica a momentos de tensão e quando se tem um comportamento exigente consigo mesmo é natural que as escolhas que precisam ser feitas na vida pesem mais que deveriam. Isso se dá porque as decisões costumam vir com um rótulo de “definitivo” que soa como algo que não se pode devolver – ou seja, uma vez decidido, não se pode voltar atrás.

Nem todo mundo sofre deste mal, mas quem se identifica com essa descrição acima sabe o que estou falando. Voltar atrás e desistir de algo - uma atitude que poderia ser tão natural, acaba por ser mais um motivo de sofrimento quando passa a ser vista como:

- ter feito a escolha errada;

- ter perdido tempo;

- não saber definir o que se quer.

Esses são alguns pesos que estão embutidos por detrás de uma prova do ENEM e para os quais nem todo mundo está atento. Portanto, se você está com um filho nesta etapa, essa é uma boa hora para conversar com ele sobre o sagrado direito de voltar atrás quando se percebe que a escolha feita não lhe atende mais.  

Vislumbrando o futuro

Além deste convite para olhar pelo retrovisor o transcorrer da própria história, os pais de candidatos ao ENEM também encontram, nesta fase, um novo desafio: olhar para os filhos como indivíduos praticamente adultos, maiores de idade. Embora saibamos que na prática pouca coisa muda de imediato, principalmente para aqueles que ainda dependem financeiramente dos pais, a fantasia de ter conquistado a tão sonhada liberdade por vezes pode culminar em conflitos familiares.

O nível de tensão que será vivido no ambiente doméstico está diretamente ligado aos resquícios emocionais da própria adolescência e juventude dos pais - quanto mais questões mal resolvidas existirem para se confundirem com as angústias dos filhos, maiores serão os desentendimentos e desencontros, e estes, certamente influenciarão a conexão entre eles.

Revisando o presente

Portanto, independente de qual é a sua situação – se fez ou não fez vestibular – pegue carona neste momento para rever sua adolescência. Relembre seus medos, verifique o que foi feito deles, encare suas pendências emocionais e o quanto elas determinaram o que você se tornou.

Encontre também seus acertos, seus sucessos, identifique quais recursos utilizou para enfrentar suas dificuldades e, se você tem um canal aberto para comunicação com seus filhos, aproveite para se mostrar um pouco mais a eles. Conte sobre você, sobre os problemas que teve que resolver e as aventuras que eles se tornaram – porque tudo na vida vira história para contar. De algumas conseguimos rir, de outras nos resta chorar. De todas ficam aprendizados que merecem ser compartilhados.

 

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