Workaholic ou worklover - onde você se encaixa?

 

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Pra começar, vamos entender os conceitos.

Você certamente já ouviu falar na expressão “Workaholic”. Ela é usada há bastante tempo para expressar um comportamento observado nos ambientes de trabalho, quando os funcionários se mostram verdadeiros viciados no que fazem. Diferente do worklover, que é aquele colaborador dedicado que gosta de trabalhar mas sabe a hora de encerrar as atividades do dia, que sabe que existem outros prazeres fora da vida profissional, o workaholic não consegue se desligar e mesmo depois que o expediente termina ainda continua na empresa ou leva as tarefas para concluir em sua casa. E elas nunca se concluem, pois, na verdade, ele já está dependente do trabalho.

Quando falamos em dependência é mais comum que nos lembremos da dependência química, até porque, os prejuízos pessoais e sociais que são relatados envolvendo drogas ilícitas ou lícitas são conhecidos de grande parcela da população. Mas existem outras manifestações comportamentais de vício, e não conseguir deixar de trabalhar é uma delas.

Motivações masculinas para se tornar um workaholic.

Ser dependente do trabalho é algo que pode acometer homens ou mulheres. No entanto, neste artigo quero focar minha atenção ao workaholic masculino, justamente porque entendo que historicamente esse gênero esteve exposto a esse mal da modernidade muito antes que o feminino.

O processo de socialização nos impõe certos comportamentos e papeis, e desde os primórdios da civilização foi dado ao homem a incumbência de responsabilizar-se pelo provimento material do grupo e manutenção da segurança. Do seu bom desempenho nestas tarefas dependiam o seu reconhecimento e seu poder, o que, com o tempo, amalgamou a identidade masculina. O mundo mudou, a sociedade evoluiu, no entanto, ainda hoje percebemos que o papel do homem continua sendo avaliado pela sua capacidade de trabalhar, apresentar resultados, sustentar a família e ser visto como uma pessoa de sucesso.

Reconhecimento social, embora seja algo intangível, imaterial, é tão importante para o homem quanto o dinheiro que ele ganha, e essa é uma das razões pelas quais ele se dedica tanto ao seu ofício, à sua ocupação profissional, ao ponto de comprometer sua saúde e suas relações pessoais e familiares. O discurso de que quanto melhor o seu resultado, maior será o seu retorno, nem sempre é verdadeiro mas é o que motiva uma boa parcela de colaboradores nos diversos setores de produção, a se superarem e buscarem um desempenho que agrade e lhe coloque no páreo para vencer competições – sejam elas em elogios, melhores posições, maiores salários. E apesar das inúmeras decepções, frustrações e muitas desilusões com suas empresas, nem sempre isso é suficiente para provocar questionamento de atitude.

Afinal, o que o trabalho está preenchendo?

Reconhecimento, poder, status, aprendizagem social, são conceitos diretamente ligados aos motivos que levam alguém a se tornar um workaholic. Entretanto, as pesquisas estão aí para apontar que os prejuízos oriundos dos excessos são diretamente proporcionais ao número de horas dedicadas à busca de algo que nem todos sabem identificar e nomear.

Alguns serão diretos e taxativos em dizer que a busca é pelo dinheiro, pois, para eles, é óbvia a sua importância para a manutenção da sua qualidade de vida e daqueles por quem se responsabilizam. No entanto, nem sempre os resultados são compensatórios e para muitos trata-se de uma jornada sem limites. Os objetivos inicialmente traçados são imediatamente atualizados, tão logo sejam alcançados, tendo sempre um cenário econômico e social em decadência como a desculpa para a necessidade de mais trabalho, mais dedicação.

Eu te proponho: seja honesto para responder às perguntas finais deste artigo:

O que você realmente espera alcançar com seu trabalho?

O que você pretende para sua vida é conquistado com dinheiro e sucesso profissional?

Você poderá evitar as respostas que lhe viriam de um lugar bem íntimo seu, caso você permitisse, e apenas dizer que dinheiro, sucesso e status são os parâmetros sociais sob os quais você foi educado, sobretudo por ser um homem. Mas eu volto a te confrontar: você quer, mesmo, se enquadrar a esses parâmetros? Sente-se feliz e realizado inserido neste sistema?

Talvez você nunca tenha parado para pensar nestas coisas. Talvez você prefira não mexer no que está quieto. Entretanto, se você sentir vontade de pensar neste assunto, questionar-se sobre suas prioridades e sobre seu bem estar, entenda que estar bem enquadrado e adaptado a esse sistema não é defeito nem problema, desde que você esteja em equilíbrio consigo mesmo, pois a forma como você se sente é refletida na forma como você age. E a forma como você age pode estar sendo entendida como modelo a ser seguido por alguém, inclusive por seus filhos ou por seus colaboradores. Você pode estar sendo instrumento de manutenção ou reprodução de comportamentos dos quais você mesmo quer se livrar.

Entendeu a relevância de se questionar sobre sua postura na vida?

E aí: você é um workaholic ou já aprendeu a ser um worklover?




@elienelima.psi

 


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