O choro como instrumento de manutenção da saúde física e mental



 


Podemos dizer que nosso primeiro grande ato em vida é chorar. Logo ao sairmos da barriga da mãe e sentirmos o impacto da respiração por conta própria, a reação que sabemos ter é gritar a plenos pulmões de forma instintiva.

Naquele momento, independente do sexo do bebê que nasce, o que todos à sua volta querem é que ele chore, pois isso significa que veio ao mundo com vida. Chorar ao nascer já é um bom começo, já é uma demonstração de que há energia naquele corpinho para iniciar o processo de adaptação ao que existe para além da matriz que o gerou.

Mas não é curioso que com o passar dos anos o choro passe a ter outro significado, sobretudo em relação ao sexo masculino na civilização ocidental? Aquilo que no início era sinal de força e vitalidade passa a ser interpretado como vulnerabilidade; o que era incentivado a ocorrer passa a ser criticado quando acontece.


Tipos de choro

É bem verdade que o choro pode ter múltiplas funções:

- pode ser uma reação natural de lubrificação dos olhos quando um corpo estranho precisa ser eliminado;

- uma resposta à dor física - portanto cumprindo uma importante função biológica;

- também pode ser um meio de aliviar tensões emocionais de variados tipos.

Qualquer que seja sua finalidade, o choro é uma forma de comunicar um incômodo. Quando não sabemos sequer que palavras existem, já sabemos que com as lágrimas somos capazes de chamar a atenção para a dor que nos aflige.


Benefícios do choro

Por experiência própria todos sabemos que o choro alivia.

- diante de uma grande dor, seja física ou emocional, externar nos faz sentir mais leves e, desta forma, as lágrimas tem o poder de literalmente “lavar nossa alma”;

- quando nos sentimos surpreendidos com algo que muito nos alegra, o choro pode surgir como forma de mostrar que fomos tocados num lugar muito especial dentro de nós;

- a tristeza, a raiva, a frustração, quando expostas pelo choro nos ajudam a não tomar atitudes que podem ser prejudiciais aos outros ou a nós mesmos.

Assim, colocar para fora nossos sentimentos, seja pela fala ou pelo choro, produz um efeito de equilíbrio em nosso organismo como um todo, nos levando a um estado de maior leveza e bem estar. Desta forma, nos sentindo mais harmonizados internamente, diminui-se o risco de cometermos atos dos quais venhamos a nos arrepender.


E quando não conseguimos chorar?

Muitas pessoas foram tolhidas desde a infância a expressar seus sentimentos e, principalmente a chorar. Alguns pais, por terem eles também sido impedidos de mostrar o que sentiam, ao se deparar com o choro de seus pequenos se irritam e tentam calá-los a todo custo. Com isso, alimenta-se a bola de neve de formação de adultos que, ao terem suas emoções sufocadas podem desenvolver doenças, tais como:

- ansiedade;

- depressão;

- pressão alta e problemas cardíacos;

- problemas digestivos e tantos outros complicadores no corpo que, na verdade, denunciam situações de vida que foram mal resolvidas ou até mesmo negadas.


As alternativas que o homem encontra

Esses prejuízos podem atingir tanto a homens quanto a mulheres, independentemente da idade. No entanto, sabemos que a sociedade impõe atitudes diferenciadas quando o assunto é relações de gênero. As estatísticas de saúde do homem podem nos dizer melhor sobre o risco que eles correm por atender à imposição social de engolir o choro, optando por soluções culturalmente mais aceitáveis e até incentivadas, como beber com os amigos ou extravasar pelo sexo. Em casos mais salutares a prática de esportes também surge como alternativa para anestesiar um choro que se engoliu, e também temos aqueles que se exaurem no trabalho.

Independente da saída encontrada, negar um problema ou algo que incomodou não trará sua solução. E se algo nos machuca profundamente, que mal pode haver em demonstrar? O primeiro passo, naturalmente, é assumir para si o que se sente e isso é sinal de preocupação com a saúde emocional. E, se precisar pedir ajuda ou apenas ter um ouvido solidário à disposição há sempre bons profissionais treinados para isso a “um dedo” de distância.

 

@elienelima.psi

www.elienelima.com.br

 

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